ESCLEROTERAPIA COM ESPUMA – COMO EVITAR COMPLICAÇÕES

5 DICAS DE COMO EVITAR AS COMPLICAÇÕES DE ESPUMA

 

  1. NÃO ESQUEÇA DE INVESTIGAR ANTECEDENTES PESSOAIS 

Dentre os antecedentes pessoais importantes estão: os alérgicos, os trombóticos e a enxaqueca com aura. Os pacientes com múltiplas alergias merecem maior atenção. Esta é uma contraindicação relativa à técnica de espuma. Para prosseguir no tratamento destes pacientes, certifique-se de ter em mãos todas as medicações e aparatos necessários para o atendimento de uma reação anafilática. Testes alérgicos ao polidocanol não encontram indicação na literatura médica.

Para pacientes com antecedentes trombóticos ou trombofilias, a indicação deve ser individualizada. Nesta situação, o controle do volume injetado e a forma de distribuição são mais importantes que o uso de tromboprofilaxia farmacológica e mecânica. Apesar dos guidelines recomendarem o uso de escores de risco de tromboembolismo venoso para escolha do tipo de profilaxia, nenhum destes questionários foram testados para este tipo de procedimento.

Os sintomas visuais pós-espuma estão relacionados à produção de endotelina-1 e sua ocorrência é considerada um quadro de enxaqueca com aura. Os pacientes com este antecedente apresentam risco elevado deste efeito adverso. Algumas orientações para reduzir este evento é limitar o volume de espuma injetada, aumentar o tempo de permanência em repouso logo a injeção da espuma e o uso do gás fisiológico (70% CO2 + 30% O2).

 

  1. CUIDADO COM O VOLUME E A FORMA DE DISTRIBUIÇÃO

Diferentes sociedades flebológicas ao redor do mundo utilizam referências de valores máximos de injeção de espuma por sessão ou por membro. Estes valores variam de 10 a 20 ml. No entanto, algumas instituições, fazem orientações muito claras de como distribuir este volume durante a sessão. Atualmente, as injeções únicas e com grande volume tem sido proscritas pois aumentam significativamente o volume de espuma no sistema venoso profundo. As complicação mais comuns relacionadas à injeção de grandes volumes de espuma são: tromboembolismo venoso, sintomas visuais, eventos cardíacos, sintomas pulmonares. Os eventos cérebro-vasculares (AVC / AIT) não parecem ter relação com o volume, mas sim com a qualidade da espuma injetada.

 

  1. EVITE CONCENTRAÇÕES MUITO BAIXAS DE POLIDOCANOL EM VARIZES TRONCULARES

Sabe-se que concentrações menores do agente esclerosante podem reduzir o risco de hipercromia. Isto é válido para microvarizes. No entanto, quando se trata de varizes tronculares, o efeito de uma espuma de baixa qualidade e de baixa concentração costuma ser a recanalização e o insucesso. Estudos ex-vivos, mostram que para veias acima de 4 mm, a concentração mínima efetiva é de polidocanol a 1%. Uma espuma em concentração adequada, evitando volumes excessivos e uma melhor distribuição trazem resultados mais duradouros.

 

  1. DRENAR, DRENAR E DRENAR

O sclerus é o trombo químico que ocorre após o efeito da espuma sobre a veia tratada. Ele está associado à hiperpigmentação, ao matting e à flebite química. Quanto mais precoce, mais líquido está o sclerus e mais fácil a sua drenagem ou aspiração. Isto reduz a pigmentação e também reduz o efeito inflamatório sobre o vaso. Estudo de acompanhamento ultrassonográfico mostram que vasos tronculares tratados com espuma podem demorar até 12 meses para se transformarem em cordãos fibrosos. Para acelerar este processo de fibrose venosa é necessário drenar o sclerus mais vezes ao longo do acompanhamento, aliviando assim os sintomas desagradáveis.

 

  1. AVALIE AS EXPECTATIVAS DO PACIENTE

A espuma ecoguiada tem uma característica universal no tratamento das varizes, ou seja, ela pode ser indicada para diferentes segmentos venosos, desde as microvarizes aos vasos tronculares. Isto não quer dizer que sua eficiência seja a mesma nestes diversos cenários. Pacientes de diferentes idades, condições sociais e expectativas devem ser avaliados individualmente na hora de propor um tratamento. No momento da escolha, leve em consideração a durabilidade do resultado, os riscos de complicações graves e estéticas, as condições clínicas do paciente e não apenas as condições econômicas do seu cliente.

 

Autor do texto: Dr.Elias Arcenio Neto – Sócio Diretor do EVAS Cursos